terça-feira, 28 de agosto de 2007
15. Helena
Fazia duas horas desde a saída de Henri. Sozinha, tratei de avaliar melhor a locação, o que não me custou mais que alguns minutos. O interfone tocou. Alguém, àquela hora, conseguiu a proeza de achar o 914 em meio a outros 1.315 quadradinhos. Era a minha companheira de quarto, que voltava de Milão. That’s all about egos, ela havia justificado o destino, de pronto, pelo celular e em inglês mesmo.
- Como você deve saber, me chamo Helena.
- Eu não costumo me chamar! Haha. Mas que Seja. Chamarei você assim mesmo. Que nome bonito, Helena. Muito prazer.
Ela sorriu quase debochada movendo o nariz em direção ao queixo. Por costume, procurei pelos olhos da mulher com quem passaria a próxima temporada, se tudo desse certo, e Helena parecia realmente não estar interessada em tal tipo de intimidade.
Pois bem. – eu pensei – Já está tarde mesmo. Amanhã nós nos falamos.
Ela deixou a mala, preta, mas de fino gosto, entreaberta ao lado da cama. De lá, tirou apenas uma camiseta, uma bermuda de dormir e a toalha com a qual tomaria banho.
Virou-se pra mim e disse:
- Então é você que eu vou aturar nos próximos três meses? Bonitinha. Veio à Amsterdã pela grana com essa carinha de pobre menina rica? Convenhamos: não foi por isso, foi? - ela riu doce e forte. Os olhos de Helena eram águia com a boca na presa.
Ao sair da suíte, secou, com o pano branco que eu deixo atrás da porta, todo o chão dignamente. Dobrava-o em três ondinhas e secava o piso: um lado do pano e depois o outro. Torceu-o dentro do box e passou uma água nele. Tornou a torcer. Dobrou-o apenas úmido e posicionou-o exato sob os pés de quem entraria depois.
Por fim, lavou as mãos na pia com o sabonete líquido de aloe vera que sobre o suporte de aço em forma de flor eu coloquei. E dormiu pesado até as nove da manhã.
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