quinta-feira, 16 de agosto de 2007
12. Cidade das Mulheres
Por causa do espelho na porta, a primeira visão que o convidado tem na residência do adorável anfitrião é a de si próprio. A primeira e a última. Lembro que as cantoneiras da entrada eram moldura para o espelho atrás de si e o conjunto um retrato de mim. Henri gritou forte e gentleman:
- Entra! – ele estava se vestindo no quarto e então tratei de avançar, fazer pose para o espelho e me ver sem moldura até que uma sombra chegasse devagar para me mordiscar da barra da camisa surrada à nuca. Imagino que Henri deva ter percebido o meu desconcerto antes que eu pudesse fingir que pensei em tudo. Mas foi discreto.
- Venha, Catarina. Vamos à Cidade das Mulheres de Fellini! Você quer vinho?
Então o quarto de Henri seria a cidade das mulheres de Fellini e eu uma delas. Aceitei o vinho e os bombons que me ofereceu. Acendi-lhe a paixão e o cigarro. Recusei o que me deu em troca. Assistimos ao filme cujos quadros eram fotografias; fotografias e espelhos. Eram mulheres desesperadas.
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Um comentário:
entao, adoro esse tarcisio meira italiano rsss
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