quinta-feira, 16 de agosto de 2007

7. O Idealista

Mudei de idéia, Sofia. Não vou mais correr contra o tempo nem perdê-lo para adiar o juízo final. Outro dia você tornou a me perguntar, porque eu insisti que repetisse, o que era mais importante na vida. Confesso que quase me escapuliu um rebelde e péssimo título de livro; qualquer termo que fizesse menção ao imenso amor que lhe tenho. Preferi dizer-lhe que não responderia a um tipo de pergunta como essa. “Não agora pelo menos” – reiterei com surpreendente firmeza.

Agora digo, Sofia, como quem não quer dizer nada, quetalvezparamim, o que há de mais importante na vida sejam as idéias ou mesmo os ideais - Baudelaire diria à votre guise. Eu sempre preferi o masculino. Gosto daquela sua última idéia de ser pó de estrela mais que a da fábrica também. E é às idéias que eu mais dedico o escasso tempo que hoje me sobra.

Quando me toma a pergunta sobre o que deixarei para a posteridade, eu só consigo pensar em como torná-las – a pergunta e a posteridade – o meu próprio dia-a-dia. O meu dia-a-dia, Sofia...eu me pergunto como não interrompê-lo

como ser vela
e também leme
ser remo
e ser fermento

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