quinta-feira, 16 de agosto de 2007

13. Amsterdã


Eu me lembro, como se fosse hoje, da vez que decidimos sair pelo mundo afora. Era início da noite, metade do dia. A Terra e todos os seus satélites giravam indiferentes; os outros planetas também. Plutão estava frio e calculista em seu esconderijo de astro. Mercúrio queimava por dentro: primeiro, corado, perto, bem perto do Sol. Éramos um casal de apaixonados.

Eu assentia que Sofia quisesse o Universo ao passo que ela me doutrinasse sobre o poder da sofisticação. Era inato. Relato que a jovem mulher nada dizia a respeito, mas levava à boca a piteira, incapaz de admitir que amarelassem quão formosas são as suas mãos de fada. Só assim é que ela permitia-se uma cigarrilha.

Nunca lhe faltou merecimento. Não fosse o meu desdém pelo assunto, eu arrancaria o misticismo destas solitárias páginas e lhes daria vida.

Sofia tinha lobos e lebres e lábias de outrem a palpitar-lhe as veias. Isso foi desde sempre. Agora, é tudo polução noturna. E nós uma história sobre dois jovens tentando ganhar a vida fácil. Luzes vermelhas. Longe das câmeras e dos antigos caminhos, nós éramos menininhos sobre as suas bicicletas. A vida, o príncipe do primeiro baile.

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