quinta-feira, 16 de agosto de 2007

3. Possivelmente

Chegou o dia 30 de junho e eu lhe dei um presente de dois meses de namoro. Resolvi assumir, já que nenhum de nós conseguia lembrar em que ocasião foi dado o primeiro beijo, que o dia em que o nosso amor começou foi o mesmo do meu aniversário, 30 de abril – data em que ela diz ter-se percebido apaixonada por mim. O clichê não me incomodou e eu resolvi tomar o depoimento como verdade para que os dias continuassem transcorrendo como sempre, um após o outro. Eu, de fato, não me ative ao momento, mas a confissão me obriga a uma desculpa convincente.

Desde ainda castos, passamos a conjeturar o futuro, o próximo e o distante, como se ele estivesse sempre a dois palmos de distância, ou à distância necessária para que pudéssemos vê-lo a ponto de sentir-nos contemplados. O presente fazia jus ao furtivo homônimo que a língua portuguesa fez questão de lhe oferecer. E o melhor dos presentes são as surpresas. Por isso, partimos por aí, bonecas russas da Zona Franca de Manaus, mostrando até que pobre pode fazer biquinho pra dizer "Je t'aime". Isso quando pode. Nobre de cobre que é, plebeu dourado que sou, partimos em busca da possibilidade.

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