Sofia e Henri estão dentro do táxi, sentados no banco de trás como passageiros. O terço balança no retrovisor. Os holandeses são católicos?
Sofia introspecta:
Esse holandês católico tem esposa?
Será que ela é puta? ... Não... Foi ela que colocou o terço aí. Só pode ter sido.
Henri posiciona as mãos sobre as de Sofia... Acaricia seus dedos devagar.
Sofia, de perfil, continua o raciocínio:
Eis que a sociedade do consumo mostra a carta na manga: no Distrito da Luz Vermelha, são as mulheres que estão na vitrine.
E é caro, viu? Não é como no Brasil, não.
Prostituta no Rio de Janeiro é camelô: transita sorrateira, com sorte, pela escuridão da Zona Sul de postes de lâmpadas queimadas. Cada uma tem seu posto. Vira e mexe dá briga.
Fosse só o constrangimento passava. Mas prostituta de rua é ambulante porque tem que fugir da PM – a mesma polícia que mendiga uma foda mal dada.
PM no Brasil ganha pouco.
Se, ao invés de voltar-se para dentro, olhasse em direção à janela lateral, Sofia veria, na rua, policiais holandeses devidamente becados.
Henri olha, pela janela, vitrines com belas mulheres expostas. Ele pensa:
That’s what i call good meat!
Sofia o cutuca. Tira as mãos de perto dele, coloca-as no seu próprio colo. Ela está de vestido. É possível ver uma porção generosa de suas pernas.
Henri olha para as pernas de Sofia e para o lado de fora do carro. Compara as pernas de sua mulher com as mulheres que estão na vitrine e as que passam pela rua. Ele suspira devagar... E se pergunta:
De quanto na vida eu me privo pelo conforto?
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
22. O Benefício da Dúvida - Parte 1
O casal está no apartamento de Henri.
- Vamos, Sofia! Helena deve estar ocupada em arrecadar um qualquer. Precisa ajudar os pobres dela.
Henri está sentado na cama. Tem boa postura, os olhos perdidos... Ele pensa:
O que essa putinha...O que essa mulher tanto olha na Sofia?
Essa mulher...essa mulher tem um jeito de olhar os homens e a maioria das mulheres que quase me incomoda.
Henri fala, voltado-se à Sofia, que se arruma no espelho sobre o console:
- Vamos, Sofia! Vamos logo...
Do lado de fora do prédio, um táxi passa. Henri faz sinal. O táxi pára.
Henri abre a porta traseira do carro para Sofia e entra em seguida.
Carros riscam o asfalto ao lado do táxi parado. Pode-se ouvir o grande barulho que alguns fazem ao passar. O motorista liga o carro. Henri vê a mão dele ao volante e o retrovisor. Há um terço católico no retrovisor.
- Vamos, Sofia! Helena deve estar ocupada em arrecadar um qualquer. Precisa ajudar os pobres dela.
Henri está sentado na cama. Tem boa postura, os olhos perdidos... Ele pensa:
O que essa putinha...O que essa mulher tanto olha na Sofia?
Essa mulher...essa mulher tem um jeito de olhar os homens e a maioria das mulheres que quase me incomoda.
Henri fala, voltado-se à Sofia, que se arruma no espelho sobre o console:
- Vamos, Sofia! Vamos logo...
Do lado de fora do prédio, um táxi passa. Henri faz sinal. O táxi pára.
Henri abre a porta traseira do carro para Sofia e entra em seguida.
Carros riscam o asfalto ao lado do táxi parado. Pode-se ouvir o grande barulho que alguns fazem ao passar. O motorista liga o carro. Henri vê a mão dele ao volante e o retrovisor. Há um terço católico no retrovisor.
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